Mais do que quero mais do que sinto, não tenho medo não tenho nada, era o que ele escrevia numa tarde amena de promessas e rosas.
Mais do que pensamentos e palavras que lhe vinham a mente ele via imagens de passados, imagens de experiências que não gostaria de ter experimentado, mas como recusar a tudo que lhe veio? Como dizer não as suas vontades, paixões e desejos?
Não, não, com certeza não era isso que ele queria, ele queria estar no poder, ele sempre quer estar no poder mas existem coisas na nossa vida que não podemos ter o poder, existem momentos que se perdem na inconstância e ninguém tem o poder sobre o nada.
Muitas vezes você quis gritar de vontade fazer algo e depois se envergonha de tê-lo feito.
Alguém aparece acende a luz, faz barulho e interrompe o momento, aquele momento que não piscamos e estamos deixando as palavras se tornarem carne (ou bits). E o que ele quer é o poder, a ilusão do poder nos corroe, nos corrompe, nos mata, nos fere, nos aniquila. O desejo do poder possuir, o poder do controle, não podemos controlar o mundo, não não. Agora ao sim o que sobra? Sim sim sim, depois de tantos nãos, é certo que o poder nos falta.
O fruto da nossa tristeza é a solidão, a solidão da nossa tristeza é a apatia, a apatia é a apatia. A apatia é o alimento das nossas emoções mais pútridas, ela acaba com a nossa vontade de querer sermos "bons". E no fim não existe aqui um linha, apenas círculos.
Ele escrevia enquanto era sincero e era sincero enquanto escrevia, escrevia por que era uma maneira de dizer o que havia para ser dito, não importando se alguém iria parar para escutá-lo.
Comunicar, essa sim era uma palavra para ele. Comunicar era seu desígnio, comunicar é o sentido, comunicar nos faz sentir-nos menos sós, nos mantém acesos, ficamos felizes comunicando.
E existe sentido nisso tudo?? Meu irmão diria que tanto faz, o mundo acaba numa bola de fogo mesmo, então pra que se importar?
Mas ele está lá, comunicando.
Não sabe o que, está.
Minha brisa do mar que vem tornar-me doente, meu vício que me cura, minha vontade que se pronuncia, minha passagem que se abre. Tua vida que aparece, teu amor que se pronuncia, teu tédio que grita, teu amigo que acalenta.
Dele vem a terra, o ar, o mar, as flores... Dele vem as flores e principalmente as flores, nada é mais o que era e sim o que é, o que vai ser ninguém sabe e todo mundo finge saber.
Nossa pátria, nosso dinheiro, nossa arma, nossas almas. O que fazemos para nós normalmente é pior do que eu faço pra mim e daonde que tiramos as razões? Da solidão que não desejamos sentir, da tristeza que juntos podemos eliminar, daquilo que sozinho eu não posso. Mas a vossa razão nunca é melhor que a minha, a vossa fome nunca é maior que a minha e a vossa opinião nunca é mais válida que a minha. Vossa vontade pode ser mais forte que a minha mas minha parcialidade é igual a de todos nós.
E da onde vem toda a inspiração? Do nada é claro.